sábado, novembro 12, 2005

30 anos agora, 30 anos depois

Relembrar o passado é um passo importante para entender o presente e traçar metas para o futuro. O 3° Foco, junto com outras atividades como o lançamento do livro Balzaquiano, contribuíram para o resgate da memória do curso de Comunicação Social da Ufes, que completou 30 anos.

Nesse ano de 2005, talvez a melhor palavra para definir o curso seja “mudança”. Trata-se de uma época de inúmeras transformações e desafios tanto internamente quanto na realidade do campo da comunicação no Brasil e no mundo.

Numa sociedade extremamente complexa e globalizada, a informação torna-se sinônimo de poder. A comunicação emerge como mediadora das relações sociais e área extremamente estratégica. Redações jornalísticas e agências publicitárias estão enxutas, enquanto outras empresas contratam mais profissionais e disponibilizam verbas maiores para cuidar de suas imagens.

Tecnologia e a resistência na Comunicação

A evolução tecnológica traz um paradoxo. Possibilita a concentração dos meios de comunicação, através de toda parafernália que permite que grandes empresas difundam informações para o mundo inteiro em questão de segundos. Mas ao mesmo tempo, propicia um horizonte de novas formas de resistência. Nesse cenário de concentração e resistência, a luta pela democratização da comunicação - bandeira histórica do movimento estudantil do curso, o Mecom- torna-se cada vez mais forte.

Por outro lado, o Mecom encontra grandes dificuldades devido a problemas internos e, principalmente, externos, como a desmobilização em massa. Os estudantes estão mais preocupados com a concorrência do mercado do que com a construção de uma nova sociedade. E tanto os universitários quanto os empregadores têm procurado uma formação mais específica, através da divisão da comunicação em habilitações e de um ensino mais técnico do que generalista.

A implantação de um novo currículo em 2004 visa a atender a essa mudança de paradigmas sociais e comunicacionais. Hoje, o curso está divido: metade cursa a nova grade e a outra metade, a antiga. Os alunos que ingressaram nos últimos dois anos encontraram novas disciplinas como Assessoria de Imprensa e Jornalismo e Publicidade On-line. Além disso, ampliou-se o número de vagas anuais de 80 para 100 e a opção pela habilitação acontece já no vestibular.

A Comunicação com mais arte

Outro fato importante é a transição da Comunicação para o Centro de Artes (CAr), livrando-se das rixas políticas com a diretoria do CCJE. A construção do laboratório integrado do CAr e a possibilidade de interação com Desenho Industrial e Artes, por exemplo, causaram grande expectativa de estudantes e professores. Porém, o processo foi confuso. O edifício de laboratórios só começou a ser construído há poucos dias e a reforma das salas para abrigar o curso ainda não foi iniciada.

O novo laboratório vem para mudar um dos maiores problemas do curso desde sua fundação, a falta de espaço e de equipamentos modernos. A qualidade dos professores, outro motivo de insatisfação nesses 30 anos vem sendo revertida gradativamente, com a contratação de novos funcionários e o aumento dos profissionais com títulos de mestres e doutores.

Por fim, é preciso contextualizar a eminência do Estado neoliberal. A tendência é que, cada vez menos, o governo invista nos serviços públicos, inclusive na educação. Aí, talvez esteja o maior desafio não só do curso de Comunicação Social da Ufes, e sim da universidade brasileira. Como lutar por um ensino público de qualidade se os estudantes estão cada vez mais desmobilizados e individualistas?

Curso perene, alunos transitórios

Ex-alunos contam como era o curso de Comunicação Social em suas épocas

Iani Eleutério e Thaize Dallapícola

Durante a realização do Foco, passaram pelo auditório do CCHN vários ex-alunos de Comunicação . Em 30 anos de história do curso muita coisa mudou, não só na estrutura oferecida aos alunos, mas também no contexto social.

Dílson Ruas disse que quando começou o curso, em 1978, o fundamental eram as “atividades extracurriculares”, como movimento estudantil e conversas informais, a partir dos quais surgiam grandes debates e reflexões. Isso ocorria devido à carência de professores e de espaço físico, o que tornava a vida acadêmica insuficiente para uma formação sólida.

Carolina Ribeiro, que se formou em 2002, ressalta a precariedade na formação. Ela contou que o currículo da Ufes era voltado para formar profissionais para as redações. Para ela, o quadro começou a mudar em 2002, com investimentos em projetos de extensão e em laboratórios.

Com a adoção do novo currículo e a mudança para o Centro de Artes, o curso completa 30 anos em meio a uma fase de transformações.

A técnica do documentário na pós-modernidade

Professor de Desenho industrial contextualiza o documentarismo nos dias de hoje no mini-curso "Documentarismo Contemporâneo em Vídeo"

Iani Eleutério

O mini-curso “Documentário Contemporâneo em Vídeo” foi ministrado pelo professor do departamento de Desenho Industrial da Ufes Paulo Barros. O objetivo foi contextualizar o documentarismo, explicitando as principais características que esse gênero adquiriu na pós-modernidade.

Para exemplificação Paulo Barros exibiu vídeos do documentarista espanhol Alan Berliner. Barros enfocou que na contemporaneidade existe uma democratização visual e a presença de um universo multicultural.

O documentarismo, hoje, é um meio híbrido, sendo possível fazer apropriações de imagem e áudio para produzir um vídeo. Também é possível captar objetos que estão fora de circulação social e colocá-los em um contexto em que adquirem novos valores. A tradição que o documentário deve mostrar algo exótico e espetacular está sendo substituída pela idéia de que também é interessante usar a proximidade com o espectador.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Neste cenário de transformações e aparente aproximação faz todo o sentido a fala da professora Elizabeth Rondelli quando argumenta que as terias da comunicação se tornaram anacrônicas numa realidade em que as novas tecnologias “incrementaram a velocidade de conexão entre as pessoas e delas, com a informação”.

Houve também o questionamento sobre qual será o futuro do jornalista, uma vez que o acesso à informação está mais descentralizado e um número maior de pessoas se vê em condições de “criar a sua própria mídia e seu próprio discurso” diante das facilidades oferecidas. É nesse contexto que o professor Giuseppe Cocco chega a vislumbrar o fim de profissões como o Jornalismo.

Essa idéia também esteve presente em um outro dia do Fórum, quando o professor Alexandre Curtiss se posicionou com ceticismo em relação às mudanças que a Internet possa desencadear. Curtiss afirma que é cedo para estabelecer algum estatuto de transformação das formas clássicas de produzir e consumir comunicação.

A profissão de jornalista talvez não esteja com seus dias contados, há uma visão de que ela possa se afirmar ainda mais. Isso porque diante de tantas fontes de informação a tendência pode ser que as pessoas procurem fontes de referência mais confiáveis e aí estaria a demanda para quem optar por jornalismo, mas com o difícil papel de reportar e abordar qualquer assunto no momento em que eles acontecem. O cenário que se vislumbra pode ser o do profissional menos generalista e mais especializado.

Palestrantes apontam comunicação integrada como área em plena expansão

Na última palestra do Foco, os convidados abordaram a comunicação organizacional em relação ao mercado, à teoria e ao ensino.

Alex Nakaoka e Vitor Taveira

Na manhã de hoje, o debate foi sobre a comunicação integrada nas empresas e no terceiro setor. O diretor da W. Comunicação, Wellington Jeveaux, abriu a palestra destacando o grande mercado que se abre nessa área e dividiu um pouco de sua experiência profissional com os presentes.

Sérgio Robert, professor de Administração, analisou a conjuntura que torna a comunicação organizacional um setor crucial dentro do sistema capitalista. Salientou a emergência e profissionalização do terceiro setor e o paradoxo de tentar uniformizar o discurso ao mesmo tempo em que se comunica com públicos diferentes.

Em sua breve fala, o professor de Comunicação José Antônio Martinuzzo afirmou que a discussão acadêmica sobre o tema é muito recente. Ele destacou que numa sociedade que se articula pela mídia, trata-se de uma área complexa e estratégica, que exige formação múltipla e amplo conhecimento da realidade.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Comunicação Organizacional será o tema do último dia do Foco

As palestras do 3° Foco se encerram nessa sexta-feira com a mesa coordenada pela professora Dalva Ramaldes. O tema é "A Comunicação Integrada nas Empresas e no Terceiro Setor". Os convidados são Sérgio Robert, professor do Departamento de Administração da Ufes e Wellington Jeveaux, diretor da W. Comunicação. O evento acontece a partir das 9h no auditório do CCHN.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Jornalismo e movimento estudantil são os temas da quinta-feira

Os debates prosseguem nessa quinta-feira. Às 9h, o professor José Antônio Martinuzzo organiza a mesa que discorrerá sobre "O desenvolvimento do jornalismo no Espírito Santo". Os convidados são Marília Targueta, Luciane Ventura, Joel Soprani e Cláudia Feliz.

Às 18h30 ocorrerá a assembléia de posse da nova diretoria do Centro Acadêmico de Comunicação Social (Cacos) . Logo depois, o Cacos promoverá o debate sobre "Movimento estudantil antes e agora", com Carolina Ribeiro e Dilson Ruas Alves.

Cocco apresenta seu novo livro aos participantes do 3º Foco

José Casagrande e Letícia Gonçalves

O cientista político e professor da UFRJ Giuseppe Cocco participou hoje do lançamento de seu mais recente livro “Glob(AL): Biopoder e lutas numa América Latina globalizada”, no auditório do CCHN na Ufes. O trabalho, escrito em parceria com o filósofo italiano Antônio Negri e lançado pela editora Record, faz um apanhado da situação latino-americana mediante a crise do modelo neoliberal e a impossibilidade do nacional desenvolvimentismo.

Em palestra referente ao 3º Fórum de Comunicação Social da universidade,Cocco elucidou vários conceitos que surgem em favor da renovação do discurso político em nível mundial. O autor salientou ainda a proposta de uma relação de pactualidade entre os países da América Latina e da adoção de políticas democráticas de desenvolvimento social como alternativa à crise desenvolvimentista e ao consequente esgotamento dos atuais modelos gestão econômica.

terça-feira, novembro 08, 2005

Desenvolvimento da Publicidade em pauta

Palestra ressalta a importância do conhecimento sobre o ser humano para se fazer Publicidade com criatividade.
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Juliana de Farias

O tema da manhã foi “O desenvolvimento da Publicidade”,tendo como convidado o publicitário Stalimir Vieira. Para contextualizar a história da profissão, Vieira comparou o perfil dos publicitários com as novas tecnologias e quais eram as condições profissionais há 30 anos.
“Existia a ditadura que nos atrasava nos anos 70.

Atualmente, os problemas são de ordem de desorganização, corrupção”. Ele ressalta que “é preciso resgatar o papel da Universidade como ambiente de desenvolvimento e experimentação, até porque o mercado evolui ou regride a partir do profissional que nele egressa. Logo é preciso investir na formação do publicitário consciente e que busque entender o contexto ao qual ele está inserido.

Não adianta saber só de Publicidade se ele não tem a sensibilidade de entender com o ser humano que ele lida e para quem ele desenvolve uma peça. As novas tecnologias são importantes para aplicar e facilitar o processo de produção técnica, contudo a criatividade e a cognição do publicitário sobre outras áreas do conhecimento humanístico são fundamentais para que ele atenda ao foco das suas atenções: o ser humano.”

segunda-feira, novembro 07, 2005

Publicidade é tema do segundo dia do Foco

Nessa terça-feira, o Foco discutirá a publicidade. Às 9h, o tema em debate será: "O desenvolvimento da publicidade", com o palestrante Stalimir Vieira e as professoras da Ufes Lygia Muniz e Rosane Zanotti. A partir das 19h, o professor Júlio Martins coordena a mesa que discutirá a produção de áudio para propaganda nos últimos 30 anos. Os debates serão no auditório do IC-2. Também às 19h, inicia-se o mini-curso de Corpo e Representação em Jornalismo, ministrado pela professora Renata Rezende no CCJE.

Rondelli: as teorias da comunicação estão anacrônicas

Em Vitória para participar do III Foco, na Ufes, a pesquisadora Beth Rondelli destaca que a Teoria de Comunicação não pode mais ter como objeto somente a cultura de massa


Camila Fregona e Priscila Gonçalves


Palestrante de hoje, a professora Elizabeth Rondelli concluiu seu doutorado na área de Ciências Sociais na Unicamp em 2000. Ex-docente do curso de Comunicação Social da Ufes – deixou a universidade em 1989 – Rondelli atualmente trabalha como professora da UFRJ. Lá, atua na área de Comunicação, Tecnologias e Educação à Distância (EaD).

É também consultora do MEC para Educação Superior a Distância e trabalha com produção de material destinado a esse tipo de ensino, além de auxiliar a elaboração de projetos nessa modalidade em instituições como Rede Nacional de Pesquisa (RNP), Fundação Getúlio Vargas (FGV), Instituto de Pós-Graduação Médica do Rio de Janeiro (IPGMRJ). Foi editora dos periódicos científicos Comunicação&Política e Lugar-Comum – Estudos de Mídia, Cultura e Democracia. É editora da revista I-Coletiva e da coleção EaD pela DP&A Editora.

Em entrevista para o site oficial do evento, o Terceiro Foco, a pesquisadora relatou a especificidade da sua palestra em Vitória:

"Considero que o eixo principal [da minha palestra] diz respeito ao impacto causado pela emergência da sociedade em rede que tem alterado de modo muito significativo a maneira como as pessoas se relacionam, obtêm informação, aprendem e transitam simultaneamente em realidades múltiplas. As teorias anteriores, até a década de 90, não contaram com o fenômeno da Internet e do desenvolvimento das telecomunicações que incrementaram a velocidade de conexão entre as pessoas e delas com a informação, tornando-se cada vez mais anacrônicas para explicar hoje a complexidade da comunicação".


domingo, novembro 06, 2005

Programação do primeiro dia do Foco (7/11)

O 3º Foco começa amanhã, às 9h, com um debate acerca do tema “A comunicação na contemporaneidade: novos paradigmas e contribuições teóricas”. A mesa será formada pelos professores Alexandre Curtiss e Ruth Reis (Ufes), Domingos Freitas Filho (Centro Universitário de Jales-SP) e Elizabeth Rondelli (UFRJ). O debate será no auditório do CCHN, no IC-2.


As oficinas e mini-cursos terão datas e horários variados. Mais informações pelo telefone 3335-2603 ou no Departamento de Comunicação Social, no CCJE.


sexta-feira, novembro 04, 2005

Sem problema de Foco

Fábio Malini
Do Labcom/Ufes


Vamos ao que interessa. Na semana que vem vai rolar o III Fórum de Comunicação. A turma de jornalismo digital vai fazer uma cobertura ampla, segura e irrestrita do evento. No domingo, vai começar a publicação de notícias (padrão 900 caracteres). E notícia com foto.

A pauta do próximo post será a "concentração" de professores, alunos e convidados para a próxima segunda.

O blog é aberto. Há a edição está a cargo de moi, Vitor Taveira e Gabriely Sant´Ana. Mas o trabalho árduo são dos repórteres, que consistem no coletivo, que é a turma.

PS: Não se esqueçam. É necessário assinar os post. Entre o título e a matéria.